“Em Sade são questionados, evidentemente, de maneira muito clássica, os
feitiches sociais, reis, ministros, eclesiásticos, etc., mas também a
linguagem, as formas tradicionais de escrita; a contaminação criminal chega a
todos os estilos de discurso: o narrativo, o lírico, o moral, a máxima o topos
mitológico. Começamos a saber que as transgressões da linguagem possuem um
poder ofensivo no mínimo tão forte quanto o das transgressões morais e que a
poesia, que é a linguagem mesma das transgressões da linguagem, é assim, sempre
revolucionária. Desse ponto de vista não só a escrita de Sade é poética como
também Sade tomou todas as precauções para que esta poesia seja inflexível:
a pornografia não poderá nunca recuperar
um mundo que só existe em proporção a sua escrita e a sociedade não poderá
nunca reconhecer uma escrita que está ligada estruturalmente ao crime.”
ROLAND BARTHES
Aprendemos nos porões do iluminismo, com o velho Marques de Sade, que a
poesia é o crime perfeito que desafia as virtuais leis que sustentam nossa
pobre realidade cotidiana socialmente estabelecida.
A poesia, para ser digna de si mesma, deve transgredir de todas as
formas e modos o que até agora foi estabelecido acriticamente como “bom senso”.
O campo poético é um universo onírico e evasivo a ser percorrido pelos
errantes adeptos da liberdade, da critica e do riso.
Nenhum limite deve lhes impor direções ou falsas escolhas de ocasião frente
ás imposições das estabelecidas gramaticas coletivas.
Tenhamos de uma vez por todas a coragem de nos transformar radicalmente
em plenos indivíduos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário