sexta-feira, 14 de novembro de 2014

BREVE MANIFESTO EM DEFESA DO CRIME DA POESIA ( UM ELOGIO AO MARQUES DE SADE)

Em Sade são questionados, evidentemente, de maneira muito clássica, os feitiches sociais, reis, ministros, eclesiásticos, etc., mas também a linguagem, as formas tradicionais de escrita; a contaminação criminal chega a todos os estilos de discurso: o narrativo, o lírico, o moral, a máxima o topos mitológico. Começamos a saber que as transgressões da linguagem possuem um poder ofensivo no mínimo tão forte quanto o das transgressões morais e que a poesia, que é a linguagem mesma das transgressões da linguagem, é assim, sempre revolucionária. Desse ponto de vista não só a escrita de Sade é poética como também Sade tomou todas as precauções para que esta poesia seja inflexível: a  pornografia não poderá nunca recuperar um mundo que só existe em proporção a sua escrita e a sociedade não poderá nunca reconhecer uma escrita que está ligada estruturalmente ao crime.”
ROLAND BARTHES


Aprendemos nos porões do iluminismo, com o velho Marques de Sade, que a poesia é o crime perfeito que desafia as virtuais leis que sustentam nossa pobre realidade cotidiana socialmente estabelecida.
A poesia, para ser digna de si mesma, deve transgredir de todas as formas e modos o que até agora foi estabelecido acriticamente como “bom senso”.
O campo poético é um universo onírico e evasivo a ser percorrido pelos errantes adeptos da liberdade, da critica e do riso.
Nenhum limite deve lhes impor direções ou falsas escolhas de ocasião frente ás imposições das estabelecidas gramaticas coletivas.

Tenhamos de uma vez por todas a coragem de nos transformar radicalmente em plenos indivíduos.

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