A moral dos bons é uma farsa.
Pois a sociedade não é povoado por
virtuosos formatados pelas falácias
impostas pelo ethos judaico cristão e sua moral de escravos.
Ela é povoada , ao contrário, por hipócritas que se curvam a preceitos vazios
de falsa virtude que lhes pacifica a
consciência criminosa e religiosa.
A moral cristã não cria santos, mas
cínicos, no pior sentido da palavra.
Eis aqui as premissas da critica do
Marques de Sade ao conservadorismo do espírito moderno em tempos de reviravolta
de todos os valores.
Neste ponto é importante lembrar que
“Entende-se melhor o pensamento sadiano
à luz da critica dos valores morais
empreendida por Nietzsche um século mais tarde. O pensador alemão mostra
que etimologicamente “bom” não vem de “bondade” “Bons” eram os
homens distintos , os poderosos que julgavam boas as suas ações “de primeira ordem”, opondo-se a tudo quanto
era baixo, mesquinho e vulgar. Assim, nos romanos, a consciência da
superioridade e da distância, o sentimento geral, fundamental e constante de
uma raça superior e dominadora, em oposição a uma raça inferior e baixa,
determinou a origem da antítese entre
“bom” e “mau”. Por essa etimologia, “bom”, originalmente, não tem a ver com a ação altruísta e piedosa
preconizada pelas ideologias religiosas da tradição judaico-cristã. Para o
antigo romeno, bônus (bom) significa “guerreiro”. Eis o sentido dos valores
morais que Sade recupera para o homem
republicano. Nietzsche mostra que essa moral positiva dos romanos foi renegada
por uma outra, “reativa”, dos judeus que
se “vingaram espiritualmente” de seus dominadores.
Houve assim uma radical mudança nos valores morais que acabaram sendo
invertidos: os “bons” passaram a ser, na
tradição judaico-cristã, os infelizes, os pobres, os fracos, os piedosos e
sofredores em geral.”
(
Contador Borges. A REVOLUÇÃO DA PALAVRA LIBERTINA in Marques de Sade. A Fiolosofia na Alcova ou os Perceptores Imorais. SP:
ILuminnuras, 2008, p. 236-237.)
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