domingo, 14 de abril de 2013

LIBERTINOS E LIBERTÁRIOS: UM BREVE COMENTÁRIO



Uma das melhores publicações sobre a revolução libertina, a coletânea LIBERTÁRIOS E LIBERTINOS,  organizada por Adauto Novais e publicada pela Companhia das Letras, permanece como uma das principais referências sobre este encantador e polêmico tema que em pré no século XXI poucos conhecem. Como esclarece o organizador:

“...Não foi apenas por uma questão de moralidade que os libertinos jamais chegaram até nós. Materialista, dissidente em relação a ordem estabelecida, o libertino é, antes um contestador: através do romance, tendo como tema central o prazer sexual e o prazer do conhecimento, ele é o filosofo discreto e também o provocador erótico.Ora transforma a libertinagem em ficção para poder ir além da ideologia do momento, ora transforma a ficção em reflexão filosófica:”não é o romance que é libertino, mas a filosofia libertina que toma a aparência do romance”, escreve o conferencista Raymond Trousson. Romances libertinos são, pois, romances filosóficos ( reação filosófica ao idealismo e ao conformismo, recusa  dos códicos tradicionais da moral social e religiosa) ainda que nem todos os romances filosóficos  do momento sejam libertinos. A relação dos libertinos com a filosofia esta não apenas nas questões postas pelos personagens, muitas vezes de maneira insólita em plena orgia, mas principalmente na técnica narrativa. Ela privilegia a dialética, funda-se na arte de convencer: a arte do sedutor consiste , pois, em levar o outro a reconhecer a lei do prazer. Os propósitos filosóficos  são ditos , muitas vezes, de forma explicita, como no caso do provocante livro Teresa Filosofa, de autor anônimo o século XVIII:”Desejais  um quadro onde as cenas de que vos falei, nas quais fomos atores, nada percam de sua lasciva, que os raciocínios metafísicos conservem toda a sua energia?” Filosofia do efêmero, fundada nos sentidos e nas paixões do corpo, conceituam alguns comentadores,mas também filosofia perene, impressa em livros geniais.”
ADAUTO NOVAIS in PORQUE TANTA LIBERTINAGEM?

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