Uma das melhores publicações sobre a revolução
libertina, a coletânea LIBERTÁRIOS E LIBERTINOS, organizada por Adauto Novais e publicada pela
Companhia das Letras, permanece como uma das principais referências sobre este
encantador e polêmico tema que em pré no século XXI poucos conhecem. Como
esclarece o organizador:
“...Não foi apenas por uma questão de moralidade
que os libertinos jamais chegaram até nós. Materialista, dissidente em relação
a ordem estabelecida, o libertino é, antes um contestador: através do romance,
tendo como tema central o prazer sexual e o prazer do conhecimento, ele é o
filosofo discreto e também o provocador erótico.Ora transforma a libertinagem
em ficção para poder ir além da ideologia do momento, ora transforma a ficção
em reflexão filosófica:”não é o romance que é libertino, mas a filosofia
libertina que toma a aparência do romance”, escreve o conferencista Raymond
Trousson. Romances libertinos são, pois, romances filosóficos ( reação
filosófica ao idealismo e ao conformismo, recusa dos códicos tradicionais da moral social e
religiosa) ainda que nem todos os romances filosóficos do momento sejam libertinos. A relação dos
libertinos com a filosofia esta não apenas nas questões postas pelos
personagens, muitas vezes de maneira insólita em plena orgia, mas
principalmente na técnica narrativa. Ela privilegia a dialética, funda-se na
arte de convencer: a arte do sedutor consiste , pois, em levar o outro a
reconhecer a lei do prazer. Os propósitos filosóficos são ditos , muitas vezes, de forma explicita,
como no caso do provocante livro Teresa Filosofa, de autor anônimo o século XVIII:”Desejais um quadro onde as cenas de que vos falei, nas
quais fomos atores, nada percam de sua lasciva, que os raciocínios metafísicos conservem
toda a sua energia?” Filosofia do efêmero, fundada nos sentidos e nas paixões
do corpo, conceituam alguns comentadores,mas também filosofia perene, impressa
em livros geniais.”
ADAUTO NOVAIS in PORQUE TANTA LIBERTINAGEM?
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