um outro se insurge
contra meus conformismos,
contra a servidão voluntária
que me foi ensinada
como prática cotidiana
de incerta sobrevivência.
Um outro precário,
desabrigado do mundo,
resiste nas entranhas da consciência
a miséria dos dias
e do tempo presente.
Um outro que sonha a cocanha
e recusa o delírio da realidade,
que repudia o absurdo da lei e da ordem,
ou do progresso da humanidade.
Um outro que me transforma,
que nunca é o mesmo,
que renuncia ao bom senso e ao pragmatismo
em nome do intempestivo,
que desafia toda forma de poder,
todo ato de verdade.
Um dia este outro
há de tomar meu lugar
e somar entre os loucos.
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