Quero aquilo
que impõe aos olhos
a nudez do mundo,
do tempo e da vida;
O que não faz sentido,
o que não cabe em palavras,
mas persegue a escrita,
o que foge, transborda,
sem rosto ou nome,
silênciando o dia
e gritando a noite.
Preciso daquilo
que transcende o nada, a angustia e o luto,
mas despreza o Ser e a palavra,
que nos rasga vontades, pensamentos e verdades,
que nos apresenta ao extremo,
ao que não tem limite,
recusando propósitos
e debochando de toda explicação.
Falo daquilo que não é humano,
mas um resto de bicho, de gente, e de mato,
tudo misturado,
perdido e fedido
em qualquer buraco.
Os olhos não podem fugir
da transfigurada experiência
do avesso do mundo,
do tempo, da vida
e do humano.
A nudez do mundo
é o lado de fora de tudo que existe,
é a morte, o silêncio,
e o excremento universal.
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