segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O NÃO FUTURO DO PRESENTE

O tempo não  passa como antigamente.
Agora o presente persiste
Contra o futuro
Em atualizações quase infinitas da desordem das coisas
Onde o novo é sempre o  outro do sempre igual.

Tudo que importa 
É a urgência do efêmero
Contra a intuição de iminentes catástrofes.
Tudo é  questão  de embriaguez e informação... 

Celebramos nossa impotência,
O desespero de nossa época, 
Todo absurdo que tornamos possível,
Como se fosse uma grande festa
Do progresso e da civilização. 

Como se nos inspirasse alguma razão,  
Algum propósito,
Ou convincente ilusão valorativa,
Que fosse mais forte 
Do que nossos medos
E angústias,
Do que a falta de qualquer solução ou sentido das coisas.

Apenas a morte  nos sorri
Na janela do caos,
Mas somos pragmáticos, resignados,
Estamos acostumados ao pesadelo do mundo atual,
Ao lixo da vida pós industrial.
Viva as novas tecnologias!
O dinheiro investido!
O celular de última geração!

O que mais importa?!

 O tempo  não  muda os anos,
Não  temos mais futuro.
Nos condenamos a ser como somos
Até  que a vida morra de vez
Nos salvando da mansa agonia 
Da sobrevivência de nossa infinita insensatez.






Nenhum comentário: