terça-feira, 27 de outubro de 2020

LIVRE PENSADOR

Não serei enquadrado e mutilado
Pela prisão dos discursos vigentes.
Não repetirei os ditos e escritos
Dos autores mais lidos,
Dos formadores de opinião. 

Não  serei mais um iludido 
Pelo mercado das letras,
Pela autoridade dos juízes da razão e do bom pensamento.

É meu corpo quem pensa, 
Quem sabe o afeto
Que bagunça a palavra,
Que transfigura o verbo
Em grito, danças  e vento.

Sou indigno das bibliotecas,
Inimigo dos sistemas,
Da ordem dos discursos vigentes.

A matéria das minhas letras
É  a loucura da vida,
O excesso e a morte
De um existir desmedido e incerto
Na vertigem do intempestivo.





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