sexta-feira, 16 de agosto de 2013

REVIRAVOLTA (mini conto)

Todas as urgências se voltaram contra mim. As paredes tortas das pequenas rotinas apresentaram, então, suas primeiras rachaduras. O resto era aquela velha agonia  de viver todos os dias a mesma rotina. Parecia sensato a abrir a porta da realidade e seguir ao encontro do nada.

O relógio já não dizia as horas. Contava os “ais” enquanto a agenda exibia o triste rascunho de uma vida que nunca foi.  Eu  permanecia rarefeito  à sombra da realidade.

Não tinha como fugir daquilo. Também não tinha como adivinhar o que se dizia  no caótico fluxo dos meus pensamentos  enquanto a realidade se dissolvia.


Era absolutamente tarde para qualquer coisa. Não existiam ponderações ou resoluções pendentes. Tudo estava absolutamente decidido, superado ou se mostrava surpreendentemente estranho ao que sempre foi.


Naquele momento eu me dei conta do quanto de alguma maneira estranha estava morto...

todo este breve lampejo de consciencia não era nada mais , nada menos, do que um espasmo celebral. Algo como um sonho e uma sobra de consciência que termina...
exatamente agora.....

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