"Em Sade são questionados,
evidentemente, de maneira muito clássica, os feitiches sociais, reis,
ministros, eclesiásticos,etc.,mas também a linguagem, as formas tradicionais de
escrita: a contaminação criminal chega a todos os estilos de discurso: o
narrativo, o lírico,o moral, a máxima, o topos mitológico. Começamos a saber que
as transgressões da linguaguem possuem um poder ofensivo no mínimo tão forte
quanto o das transgressões morais e que a poesia, que é a linguagem mesma das transgressões
da linguagem,é assim, sempre revolucionária.Desse ponto de vista não só a
escrita de Sade é poética como também Sade tomou todas as precauções para que
esta poesia seja inflexível: a pornografia não poderá nunca recuperar um mundo
que só existe em proporção a sua escrita
e a sociedade não poderá nunca reconhecer uma escrita que está ligada
estruturalmente ao crime.”
Roland Barthes
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