sábado, 26 de março de 2022

REVOLUÇÃO NIILISTA

Tento adiar as horas,
o tempo e o pensamento,
até apagar meus atos,
minha voz,
e saber o outro do corpo 
dentro do silêncio da multidão. 

Na contramão da ação
vislumbro a revolução 
do nada,
a deserção como estratégia 
de ruptura absoluta com a caduquice do mundo atual.

A melancolia é meu freio de emergência, 
meu protesto, 
minha defesa da vida
que não foi vivida,
meu grito contra a morte
que cotidianamente
nos é imposta
pelos burocratas da alegria,
do consumo,
da produtividade e da normalidade moral.

Tento fugir do tempo pequeno
do sentido da vida,
da verdade,
da história, 
até acordar em mim o intempestivo,
o que escapa a ordem,
que desinventa a alma,
e devem primitivo e esquivo.


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