quinta-feira, 27 de junho de 2019

A MEDIOCRIDADE DO HUMANO



Nunca entendi muito bem esta obsessão, que atravessa todas as culturas humanas, em representar a humanidade como uma espécie quase  apartada do reino animal. Afinal,  somente a valoração equivocada de nossas peculiaridades comportamentais, entre os demais mamíferos, permite  sustentar a ilusão de que somos de algum modo superiores.

Um cérebro mais avantajado, linguagem, polegar opositor e outras bobagens não legitimam nossa vaidade e narcisismo especifista. Se o ser humano é um ser histórico, na medida em que tem consciência de si mesmo e do mundo de forma complexa, isso o torna apenas o mais imperfeito e lamentável dentre todos os animais. Não vejo porque deduzir desta peculiaridade qualquer vantagem ou virtude. Somos seres desgraçados. Admitir isso seria um bom ponto de partida para qualquer reflexão sobre o futuro da humanidade ou do inumano como artifício de uma possível consciência  desantropológica.


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