terça-feira, 8 de maio de 2018

KANT E O TRIBUNAL DA RAZÃO


O “normatizismo” kantiano e seu tribunal da razão me parece, às vezes, mais perverso do que os modelos platônicos. Afinal, proporciona a razão um falso rigor que justifica a confiança ingênua em nosso juízo. Não é de surpreender que Elias Canetti quase tenha intitulado seu único romance Auto de Fé ( em tradução literal :“Ofuscação”) como “Kant Pega Fogo”.

“Se dizemos do entendimento que ele é o poder de reconduzir os fenómenos à unidade através das regras, deve-se dizer da razão que ela é a faculdade de reconduzir à unidade as regras do entendimento através dos princípios. Portanto ela jamais se relaciona imediatamente nem com a experiência, nem com um objecto qualquer, mas com o entendimento, a fim de fornecer a priori e por conceitos aos variados conhecimentos dessa faculdade uma unidade que se pode chamar racional e que é inteiramente diferente da que o entendimento pode fornecer. 
(...) É o destino comum da razão humana na especulação terminar o seu edifício assim que possível e só depois examinar se também os fundamentos foram bem colocados.” 

Emmanuel Kant, in 'Crítica da Razão Pura' 


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