quarta-feira, 16 de agosto de 2023

SOBRE A INCONVENIÊNCIA DO HUMANO

Clones, cyborgs e inteligências artificiais nos levarão além da eugenia, do totalitarismo utópico do mito genuinamente moderno e escatológico de um Novo Homem ou “segundo Adão”, despido de todas as imperfeições e limitações das versões anteriores do Homo Sapiens.

 A hipótese de uma emancipação do gênero humano através da razão é uma ilusão pós iluminista que, infelizmente, ainda embriaga os contemporâneos. Apesar de todas as inquietudes e incertezas que marcam este inicio de milênio, pautado tanto pelo espectro da catástrofe, inspirada pela emergência climática, quanto pelo abismo das novas tecnologias digitais , ainda somos seduzidos por uma fé ingênua no progresso ilimitado do gênero humano. 

No fundo o que realmente nos seduz são os mais perversos ideais de perfeição inspirados por valores duvidosos alimentados por numa série de preconceitos morais sobre o que é normal e estabelecido como padrão de virtude. 

 O humano é aquela criatura única sob a terra capaz de dominar e transformar a natureza, de criar sua própria realidade material transformando o ambiente. Vaidoso ele se vê elevado a intimidade dos deuses que inventa como ideal de plena e potente existência. 

O humano é uma perversão do corpo, do animalesco, da matéria viva que somos inseridos no sistema terrestre.

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