sexta-feira, 22 de outubro de 2021

PALAVRAS SILÊNCIO

Tenho a  intuição de invisíveis palavras sem voz.
Sei que há algo indizível no dito
que escapa,
pois não descreve o mundo,
nem segue o pensar.
Não cabe no concebível
da ordem de todos os discursos.

Mas cria o não lugar
de  ditos
indigentes e vadios, 
que inventam afetos,
imagens,
e modos outros de existência.

Contra todas as gramáticas
que governam o mundo,
tais palavras silêncio 
escrevem mudas outras realidades.
Elas não representam coisas,
nem raciocínios ocos.
Elas não dizem nada.
Apenas passeiam
e sonham
reinventando a voz
enquanto um texto dorme na boca
escapando a toda identidade.





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