O que há de mais
intenso na superfície do dia é justamente a inércia dos instantes, o não
acontecer nada, além da banalidade de estar prostrado. A saciedade é uma
experiência rara, instável, que raramente experimentamos. É a inquietude, o
desassossego, nosso estado habitual da existência. Eis porque somos tão
facilmente seduzidos pelo encanto de qualquer verdade que nos diga o mundo e
nos estruture na ilusão de ser. Não suportamos nossa instabilidade ontológica. Pensar
exige a embriaguez sem proposito dos sentidos, dos acontecimentos pequenos,
através dos quais nos percebemos menores do que qualquer imagem de pensamento.
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