quarta-feira, 12 de abril de 2017

SOBRE SE SENTIR EM EM CASA

Já faz muito tempo que não me sinto em casa. Mas  posso me trancar em meu quarto e confortavelmente me esquecer na cama e, mesmo assim, não me sentir em casa,; por maior que seja o prazer proporcionado pelo momento de franco repouso.

Sentir-se em casa é esquecer  de si mesmo através da paisagem vivida, estar em total harmonia com  tudo a sua volta de forma direta e concreta. Para tanto, é preciso ficar distraído, não prestar atenção em nada e apagar qualquer preocupação cotidiana. É preciso mesmo parar de pensar.

Estar em casa é poder perde-se em qualquer lugar até o ponto  de ser tão espontâneo quanto uma criança. Acho que essa é uma experiência  que frequentemente buscamos quando, por exemplo, viajamos e nos lançamos em lugares estranhos onde não temos qualquer referência.
Mas seria ridículo buscar a experiencia de estar em casa através do estranhamento e vertigem de uma viagem. Elas apenas  reforçam nosso amargo sentimento de desreaizamento e vazio existencial.
Estar em casa é na verdade uma espécie de não lugar existencial de conforto, uma metáfora. Muitos  lhe reduzem ao beco sem saída de alguma religião ou ilusão metafisica.Mas estar em casa é apenas  um estado de indiferença frente  a realidade objetiva  e, ao mesmo tempo, uma positiva ausência de si mesmo. Não passa de um modo complexo de estar distraído e sensualmente perdido nos cinco sentidos.

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