Sempre que posso me ocupo de não
fazer nada , de ficar sozinho e como um morto deixando fantasias malucas dançarem em minha cabeça. Aos poucos vou,
assim, abstraindo a realidade. Chego ao ponto de realmente fingir que não
existo.
Trata-se de um exercício
relaxante. Um modo de esquecer os problemas e preocupações cotidianas. Não que
eu me sinta melhor com isso. Na verdade me sinto pior, pois me surpreendo meio
ausente de mim mesmo, incapaz e inútil.
Mesmo assim esta era a melhor
maneira de fugir do mundo quando não estava por ai bebendo em algum canto e
tentando não ficar sozinho, contra todas as tendências e possibilidades do meu
viver sem céu e horizontes.
O mundo era um grande buraco para
mim. Apenas aprendia a me adaptar ao buraco.Um buraco lhe tira a mobilidade.
Você não tem muito para onde ir e se mexe de forma comedida. Então o melhor
é ficar quieto e deixar a imaginação
fazer o resto. Fazer de conta que o buraco e você não estão ali.
Não fazer nada é muito importante
na arte de aprender a não querer porra nenhuma, de não se estressar com nada e
cagar pro mundo e para as pessoas. O segredo é dedicar algumas preciosas horas
a não viver sua própria vida, esquecer de tudo.
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