quarta-feira, 18 de abril de 2012

ROCK, REVOLUÇÃO COMPORTAMENTAL E IMAGINARIO OCIDENTAL

Falando de modo muito superficial e recorrendo a algumas genarizações talvez abusivas, quero aqui sustentar que,  mais do que um estilo musical ou  vertente da musica popular contemporânea, o rock, pelas peculiaridades de suas origens no contexto da cultura  norte americana e britânica do pós guerra,  foi um canalizador das incertezas e duvidas da geração de  jovens que sofreram diretamente o impacto cultural da 2º guerra mundial.
Pode-se dizer que o fantasma da barbárie da guerra e o contexto de desenvolvimentos técnico-científicos dos anos 50 daquele século, permitiram uma redefinição qualitativa  do papel social dos jovens na sociedade ocidental, apesar da tensão introduzida por um  crescente dualismo ideológico configurado pelo imaginário da guerra fria que, então, começava a se formar e provocava uma radicalização dos setores conservadores da sociedade.
Foi nesta curiosa  soma de circunstancias que, mais do que qualquer outra forma de codificação cultural, o rock, de modo mais ingênuo nos anos 50 e mais contundente nos anos 60, afirmou-se como  complexo simbólico responsável por uma verdadeira catarse juvenil,  por um questionamento das configurações tradicionais da vida sustentadas pelas formatações da cultura vigente, apontando para uma cada vez maior  afirmação da  liberdade do indivíduo na esfera pública e privada inspirado por um ethos social hedonista e critico com relação aos lugares comuns da tradição.
Não se tratava de um projeto politico contra hegemônico de sociedade, que apenas reinventaria as velhas regras de poder sob outras categorias ideológicas. Mas de uma autêntica “revolução” de consciências.
Jamais a musica conquistara um lugar tão preeminente no imaginário ocidental a ponto de articular-se a outras expressões culturais como a moda e a estética,  cinema e literatura, formatando um “espirito de época” cujos ecos ainda repercutem sobre nossa contemporaneidade.
Pode-se dizer que a partir  da  década de 70  ouve uma diluição deste impulso libertário, mas as configurações culturais, impulsionadas por um cada vez maior avanço técnico cientifico, dentre outros fatores, conduziu as sociedades ocidentais contemporâneas a um tal grau de complexidade que seria cabível questionar até que ponto o rótulo de “capitalista” é adequado para definir complexos societários onde  a econômico e o cultural já não são esferas tão diferenciadas umas das outras e o jogo do mercado e a organização social da vida alcança níveis de fragmentação, diversificação e interação, que pouco lembram os padrões da sociedade industrial oitocentista onde o conceito de capitalismo se popularizou.
    

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