quarta-feira, 27 de julho de 2011

O BLACK METAL SEGUNDO BURZUM

ORIGEM DO TEXTO:  gucunha — Última modificação 04/01/2008 15:08
Black Metal - contestador, polêmico e brutal! o ponto de vista de Varg Vikernes (BURZUM)




Uma coisa é certa, Varg SABE a verdade. Resta saber se ele DIZ a verdade. O texto a seguir é trecho de uma resenha feita por Varg Vikernes criticando o livro “Lords of Chaos”, um livro feito pelos jornalistas Michael Moyniham e Didrik Soderlind. O livro faz um estudo sobre o Black Metal e contém entrevistas com os principais personagens envolvidos no Black Metal entre 1990 a 1993, inclusive com a mãe de Vikernes Varg. Entretanto o livro é bastante tendencioso. Neste trecho, Varg expõe o seu entendimento sobre o movimento Black Metal em contrapartida ao dado no Livro “Lords of. Chaos”.

“(...)Tudo começou como uma reação ao fato de o Death Metal ter se tornado comercial e da moda. Todas as bandas em 1991 soavam e pareciam idênticas. Eles até mesmo gravavam seus álbuns nos mesmos estúdios. Não havia originalidade nem restava integridade artística ou coisa que o valha. Nós chamávamos isto de “Tampa production” e de “Swedish production”. As bandas eram até mesmo politicamente corretas.

Nós chegamos a estas conclusões antes do Dead cometer suicídio, mas realmente isso acelerou o processo. DARKTHRONE foi a primeira a se revoltar contra o Death Metal, porém era de alguma maneira pouco engajada. Eles gravaram seu primeiro álbum em meados de 1991 e o lançaram em fevereiro de 1992 pela Peaceville - um grande selo comercial da Inglaterra. Como parte de sua revolta eles tinham letras satânicas, apesar de que isso não era novidade. DARKTHRONE sempre teve letras satânicas, mesmo em seu álbum de Death Metal. A segunda banda a se rebelar foi BURZUM. O álbum debut foi gravado em janeiro de 1992 e lançado em março pela DSP em março do mesmo ano. Foram gravadas menos de 1000 cópias, mesmo assim nos surpreendemos pelo fato de terem se esgotado tão rapidamente. As pessoas adoraram este novo e original fenômeno underground. A produção do álbum era baixa, o som ruim, os vocais lamuriosos e soava como uma banda podre de garagem - o exato oposto do “enlatado” e comercial Death Metal! Até mesmo a estrutura das músicas era diferente das tradicionais verso-refrão-verso-refrão-solo-verso-refrão que foi completamente abandonada. Ao contrário, o Black Metal contava uma história melodiosamente, assim como a música clássica ou a trilha sonora de um filme . Mas DARKTHRONE e BURZUM não eram as únicas. Em Bergen os caras do AMPUTATION e OLD FUNERAL formaram uma nova banda em 1991 chamada IMMORTAL. Como o DARKTHRONE usou o viés satânico e o BURZUM, o ocultismo ou misticismo, o IMMORTAL teve de criar algo novo. Aquilo foi a quintessência da revolta: a originalidade! Tinhamos que criar algo novo e original, ou seria imitação e faltaria com a verdade a este novo espírito. IMMORTAL realizou seu primeiro álbum em setembro de 1992, com um conceito frio e focado na espetacular natureza invérnia da Noruega. ENSLAVED se juntou também à revolta e novamente vimos um novo conceito. Eles se focaram nas tradições escandinavas. Durante um tempo eles remanesceram na obscuridade , sem saberem o que fazer, até surgirem com esta solução. Desde que o DARKTHRONE e o BURZUM (chamados Black Metal por Aarseth e DSP) ficaram conhecidos como Black Metal, as outra bandas sentiram a necessidade de mostrarem personalidade dentro deste novo panorama também. Daí o IMMORTAL assumiu tocar o Holocaust Metal e o ENSLAVED , o Viking Metal. O foco extremo sobre a originalide e individualidade determinava que não se podia copiar os outros em nada. Quando THOU SHALT SUFFER se uniu e trocou seu nome para EMPEROR o espírito parece ter sido um pouco enfraquecido. No final de 1992 começou “trendy to be anti trend” ‘(A moda de ser anti-moda)’. Esta revolta estava destinada a falhar, pois é obviamente impossível todas as bandas terem um som único em todos os sentidos. Quando ENSLAVED e EMPEROR lançaram seus split-LPs em janeiro de 1993 ( ou talvez em dezembro de 1992) já haviam se tornado moda. Devido à mídia ter rotulado de Black Metal bandas diversas e diferentes. Immortal tentou protestar quando foram classificados de Black Metal, mas eventualmente eles desistiram de lutar contra isso. O espírito morreu. Não havia mais revolta no Black Metal. Ele se tornou tão comercial quanto o “enlatado” Death Metal era alguns anos antes.

Em 1991 os caras do DARKTHRONE tinham entre 17 e 19 anos, eu tinha 18, os caras do IMMORTAL tinham entre 17 e 20 anos, os caras do ENSLAVED tinham entre 14(!) e 17 anos, os caras do que mais tarde ficou conhecido como EMPEROR tinham 17 anos. HELLHAMER e Aarseth tinham por volta de 22 anos. NECROBUTCHER não fazia parte da cena entre 1990 e 1993, porque ele estava ocupado em algum lugar qualquer e tinha parado de tocar música. DARKTHRONE e MAYHEM viveram em Oslo, ou próximos a Oslo, IMMORTAL e eu (BURZUM) vivíamos em ou próximos a Bergen. ENSLAVED viveu no norte de Haugesund e os caras do EMPEROR viveram na periferia de Notodden. Nós raramente nos encontrávamos ou conversávamos uns com os outros, mas tínhamos algum contato - mais frequentemente pelo correio. Dar crédito de “criadores” para Aaserth ou qualquer a qualquer outra pessoa desta cena é outra questão, e bem mais complexa.

Um outro aspecto da cena, é claro, era a ideologia. A este respeito a revolta era apenas “ser o completo oposto de qualquer um outro”. Enquanto o “enlatado” Death Metal cantava “coca cola burns the woods” (coca cola derrete madeira) nós cataríamos “burn down everything” (destrua tudo de uma vez) - como na letra do BURZUM (Spell of. Destruction) “ the Word´s tragedy is served at My feast” (A tragédia do mundo está a serviço dos meus punhos) ou coisa parecida. O tema do Rock´n´nroll “faça amor, não faça guerra” foi substituído por “ faça guerra, não amor”, e por aí vai - como de novo visto na letra do BURZUM “War”: “ We most never give up the war” (Não devemos nunca desistir da guerra). Os autores de “Lords of. Chaos” enxergaram o “evil for the sake of evil” (mal pelo próprio mal) deste período, mas falharam em entender porque estávamos focados nisto. Era uma revolta, não primordialmente contra a sociedade em que vivíamos, ou contra o cristianismo, ou contra nossos pais - como deve ter sido interpretada pelos adolescentes. Mais do que qualquer outra coisa, nós nos revoltamos contra o Death Metal que estava se tornando “comercial“.

Então, em poucas palavras, o movimento Black Metal foi sobre ser original e não soar como todo mundo. Como eu disse, estava destinado a falhar em permanecer puro e verdadeiro a estas idéias, a medida que novas pessoas se juntaram ao Black Metal e começaram a imitar as outras bandas. As bandas clone, como DIMMU BORGIR ou uma outra qualquer, vieram como uma grande onda em 1993, quando a mídia expôs o “satanic underground”, e a idéia original do Black Metal se perdeu para sempre.

Os crimes cometido em 1992 foram executados pela mesma força. Alguns argumentam contra o incêndios das igrejas porque não era mais uma idéia original - ou talvez usaram isso como desculpa para não participarem, eu não sei. Se existe um significado mais profundo para qualquer um destes crimes eu não vou relevar aqui e agora, mas é claro que as pessoas não fazem algo sem uma razão.

O espírito do Black Metal era o individualismo, a integridade artística, a originalidade, força de caráter, desprezo pelos seguidores e finalmente a criatividade. Está claro para todos nós que muitas pessoas envolvidas no Black Metal Norueguês entre os anos 1991 e 1992 não passavam de seguidores, mas de qualquer forma este é o verdadeiro espírito do Black Metal.

Agora me diga você: quanto deste espírito restou neste black metal que vemos hoje?(...)”

Varg Vikernes

Rigerike Fegsel, Noruega
28 de Junho de 2004


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