sexta-feira, 22 de julho de 2011

HEAVY METYAL, BLACK SABBATH E O PÓS GUERRA: A REINVENÇÃO DO DIABO



Buscando ir além das coisas normalmente ditas sobre o heavy metal e, ao mesmo tempo buscando uma leitura fecunda do impacto cultural da musicalidade do Black Sabbath no cenário cultural dos anos setenta, considero pertinente estas esboçadas considerações que seguem:
Uma questão inerente a toda leitura do rock and roll enquanto cultura musical e social  é sua vinculação direta ao cenário societário definido pelo pós  segunda guerra mundial nos  USA e Europa.
Creio que tal questão só se torna realmente evidente em termos musicais através do Black Sabbath e o heavy metal deve muito a tal percepção ou sentimento de momento epocal.
Procurando enriquecer minha hipótese recorro a um caro fragmento do prólogo de HEAVY METAL. A HISTÓRIA COMPLETA by Iam Criste, uma verdadeira corrupção ou dessacralização do livro de Gênese judaico cristão:
“ No inicio havia apenas o céu, em sua soturna e sombria extensão, e o desconhecido. Os mais profundos segredos da história- que só poderiam ser reanimados por forças tão antigas quanto a própria civilização- revolviam nesse inquieto limbo, onde tudo era acinzentado, fumacento, escuro e sagrado. Essas poderosas correntes- por tanto tempo esquecidas e adormecidas até a guerra,  a crise e a angustia pudessem despertar e trazer a tona  seus mais horrendos poderes- não possuiam definição nem emitiam sons até serem capturados e subjulgados por uma epifania conhecida como Black Sabbath: a banda primordial, a origem do heavy metal.
Desde o começo, o entusiasmo poderoso do Black Sabbath reverberava para além dos perímetros da opinião geral. Profetas criados à margem da sociedade inglesa, eles eram desempregados, socialmente desprezíveis e, ainda, moralmente suspeitos. Seus quatro membros nasceram entre 1948 e 1949 em Birmingham, na Inglaterra, uma pequena e decadente cidade industrial, sobrevivendo à época em que a Europa já não se orgulhava dessa indústria. Jonh Michael Osbourne, o vocalista conhecido como Ozzy, vinha de uma família de seis filhos e, além de criminoso condenado por roubo, trabalhava esporadicamente em um matadouro. Tomy Iommi, o guitarrista, era o filho do dono de uma loja de doces e representava um perturbador enigma cujas pontas de dois dedos  da mão direita haviam sido arrancadas em um acidente em uma oficina. Terry Butler, ou o estranho baixista Geisser, também poderia ser reconhecido por seu extravagante guarda roupa: tão verde quanto a sua mão. Finalmente, Bill Ward, o baterista cujo modo de tocar elegantemente  desnorteado só reforçava a própria explicação-puro desespero-para ter se dedicado a musica.
Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, cercados pelos escombros deixados pelos bombardeios nazistas, eles chegavam à puberdade e, nesse mundo quer haviam herdado, o que mais poderia valer apena  além de tornarem-se aventureiros e desajustados profissionais?”
                                                                                                                                                                                            

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