sexta-feira, 15 de abril de 2011

ELOGIO AO ATO DE COMER COM AS MÃOS


Ao integrar a classe dos bípedes o homem é um animal privilegiado, pois não utiliza apenas a boca para sua nutrição, mas depende em grande parte para realizar o ato da pericia  de suas preciosas mãos.
Tal peculiaridade lhe confere uma disposição mais intensa para saboreá-los das quais só tomamos conhecimento quando em inusitadas circunstâncias nos permitimos à dispensa dos talheres e nos rendemos ao uso de nossas mãos para levar a comida cozida ou crua a boca com a mais espontânea e prazerosa rudeza que nos permitem nossos bons e velhos instintos...
Comer com a mão é um prazer hoje quase perdido no ocidente, orgulhoso de sua etiqueta e polidez a mesa, já que alimentar-se coletivamente tornou-se  entre os ocidentais muito mais uma convenção e um rito vazio de sociabilidade do que propriamente a satisfação de uma necessidade elementar.
De minha parte, comer com as mãos  é um hábito mais do que subversivo, é uma redescoberta da alimentação como expressão desnuda do desejo em sua mais perfeita arbitrariedade...
      

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