sábado, 14 de março de 2009

FRAGMENTOS INESQUECÍVEIS DE SALVADOR DALI IV


SOBRE COMO TORNAR-SE ERÓTICO PERMANECENDO CASTRO


“Aos vinte anos sou um homem de desejos, que saboreia os prazeres, todos os prazeres dos sentidos e do espírito, com uma volúpia refinada, de entendido, e cujo gozo olímpico obedece a um código hiperlúcido de disciplina longamente amadurecido. Meu olhar, minha inteligência e meu pau são os meios mais deleitáveis do meu prazer, e sua combinação quase infinita produz variações que vão da escatologia ao exibicionismo, do devaneio a masturbação ( um não excluindo a outra); como a confirmação pelo ato permanece a coisa mais desinteressante, a não ser como voyeur, e olhe lá..., acontece que o fracasso, a recusa , o acidente que impedem a execução, me trazem mais alegria que o êxito. Trata-se, na verdade, de permanecer castro tornando-se erótico. Umas formula que exige um grande controle de si próprio. Numa palavra, o controle da atitude paranóico-critica. Os fatos falam por si mesmos.”

(Salvador Dali. As Confissões Inconfessáveis de Salvador Dali; texto apresentado por André Parinaud/trtadução de Flávio e Fanny Moreira da Costa; revista por Heloisa Fortes de Oliveira. RJ: Livraria Jose Olympio, 1976, p.55)

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