segunda-feira, 6 de março de 2023

ANDARILHO

Ando por aí, indistinto,
entre vivos, mortos
  e indecisos.

Ando para  perder  tempo.
Pois não tenho mais
a ilusão de um destino.
 Todos os caminhos e lugares
hoje me parecem iguais.

Ando por aí 
buscando outra realidade
no avesso de cada pessoa
que me expõe a futilidade de nossa imanência 
e a  infinitude da minha  insignificância.

Estou sempre presente 
em lugar nenhum,
indiferente aos outros
 e avesso a minha  própria existência.

Ando por aí
para desaparecer em todas os lugares,
na confusão de todos os tempos,
que provaram e povoam meu corpo
anunciando, desde o início,
o fim do caminho
e da ilusão do mundo.

A vida, afinal,
não passa de um grande silêncio.
 











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