terça-feira, 19 de julho de 2022

DOS PÉS SEM CAMINHOS



Meus pés, cobertos de terra e tempo,
São quase defuntos,
Livres da prisão dos sapatos, da alma e dos mundos.

Sabem, agora, inventar seus (des)caminhos
Sem sair do lugar,
Sem viver ou morrer,
Na necessidade de sempre mudar.

Pois  não há no planeta
Qualquer canto ou lugar 
Onde  reconheçam a inércia de um lar.


Por isso, eles nunca descansam.
Estão sempre sonhando caminhos,
Adivinhando mapas em precipícios,
Perdidos nas inercias de movimentos incertos.

Meus pés  criam caminhos
Onde germinam espantos.
Pois são movidos a sustos
E desesperanças
Nos labirintos de um só lugar.





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