terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A POTÊNCIA DO GRITO

Aprendi a destilar meu grito
entre a prisão da palavra
e os limites da voz.
Agora sei gritar tão  alto
que não  sou ouvido.
Mas todos sabem
que eu grito,
sentem o meu grito
como se fossem agredidos
por qualquer soco invisível. 

O grito está no meu olhar,
no meu modo de andar,
vestir, rir, e falar.

Meu corpo exala o fedor
do grito.
Por onde passo,
tudo e todos
são perturbados
pelo meu grito.

Definitivamente,
não  sou sociável.
Estou sempre vestindo protestos.
E mesmo quando calado,
exibo nos lábios cerrados,
um silêncio que guarda
a potência do grito.


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