segunda-feira, 14 de maio de 2012

SOBRE EUROPA E AMERICA

No século XVI, ocasião de seu achamento pelas sociedades europeias, a América era vista como uma passagem para o oriente inspirando sonhos de riquezas e maravilhas. Já no século XVII, predomina a lógica da colonização e conquista territorial  fomentadas pelos estados modernos então em formação.  No  século XVIII e XIX predomina a ideia de que a America, associada a figura do “selvagem” é vista como um apêndice da cultura europeia.
Somente no século XX e após as duas grandes guerras é que, através da ascensão econômica dos USA e a consolidação da cultura de massas é que as representações do continente ganharam um status novo no cenário da cultura ocidental. Mesmo que, para o conservador olhar europeu, a América  permaneça sento uma espécie de “extremo ocidente” e, em sua mais forte faceta, um lugar de exotismos e arcaísmos culturais apesar da hegemonia cultural dos USA.
Nestas primeiras décadas de século XXI, em que pese o impacto das novas codificações da realidade introduzidas pelas tecnologias digitais e as globalizações, O continente americano, em relação às codificações europeias, ainda sofre o estigma da “subordinação”.
Não é meu proposito aqui a critica ou a apologia deste delicado intercâmbio representacional que, de certa forma, é incontornável para plena compreensão do imaginário ocidental, ou dos imaginários ocidentais, já que aquilo que conhecíamos como mundo ocidental , a saber,  basicamente os  países  mediterrânea e do norte, ao longo das ultimas décadas, incorporou culturas anteriormente mais vinculadas em termos representativos a  Ásia do que a  Europa clássica, como é o caso de muitos países do chamado Leste Europeu.   
O que hoje me parece decisivo é que se a América tornou-se o que é pelos diversos fluxos imigracionais que, principalmente  no sec. XIX, afluíram da Europa moldando novos valores e padrões culturais meta europeus .
 O  continente europeu ver-se hoje em uma situação que, embora não seja análoga, afirma tais fluxos como um dos fundamentos de sua paisagem cultural contemporânea, isso é um  fato pelo menos para seus principais centros urbanos.
Pensar identidades culturais a partir da origem continental tornou-se um discurso gasto e pouco fecundo no mundo de hoje. Mas é inegável a existência de uma peculiariedade europeia. Ameaçada pela instabilidade estrutural do euro, a contemporânea comunidade europeia e suas crises situam a discussão em um plano mais concreto e imediato.
Frente aos fundamentalismos e tensões regionais que hoje afloram na paisagem europeia é justo questionar até quando poder-se-a conceber uma  Europa “federativa” que sobreviva as suas dissonâncias ou, indo mais adiante, até quando a Europa como tradicionalmente conhecemos pode sobreviver sem incorporar um componente identidário fundado na pluralidade e diversidade semelhante aquele que se projetou sobre o continente americano?


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